Tulipa Ruiz pautou seu futuro logo na estreia: fazer pop brasileiro nada óbvio, acessível, sortido e experimental, na medida deste ainda novo milênio. Hoje a cantora é responsável por uma longa trajetória. Vários discos, inúmeros shows pelo mundo e uma carreira consolidada. Nesse LP de estreia, no entanto, tudo ainda é, e continua sendo, efêmero. Um álbum infinito, enquanto dura.
Fruto de uma grande colaboração afetiva, Efêmera soa coeso, com propósito, porém leve e também descompromissado. É um álbum pretencioso sem parecer ser. A sensível assertividade e maturidade das composições revelam a evolução do repertório, que veio sendo testado e temperado em diversas apresentações pelo Brasil.
Efêmera, como álbum, sarcasticamente acontece contrariando efemeridades. Um exemplo está na espontânea e bela “Sushi”, a primeira parceria de Tulipa com Luiz Chagas. Impossível uma canção como essa ser passageira ou temporária, como foi a sua criação — Tulipa criou a harmonia e mandou para o seu pai alertando: "Olha, você tem duas horas para me fazer uma letra". E ele obedeceu. O disco termina romântico, com “Só sei dançar com você”, um dueto de Tulipa com Zé Pi.
Esta edição Rocinante/Três Selos é em vinil laranja 180g, inclui livreto com ilustrações e envelope com letras e texto do jornalista e escritor Bento Araujo, autor da série de livros Lindo Sonho Delirante.